Pôster original de 1976
Produzido por Dino de Laurentiis e dirigido por John Guillermin, esse é o remake que apresenta mais diferenças no desenvolvimento da história com relação ao original de 1933. A trama foi adaptada para a década de 1970, não se tratando, portanto, de um filme de época. Ainda temos uma linda mulher (a belíssima e semi-nua Jessica Lange) que é oferecida por nativos ao seu "deus" Kong, mas as razões que motivam a viagem até Skull Island são bem diferentes: a empresa Petrox envia uma expedição, liderada pelo ambicioso Fred Wilson (Charles Grodin), até a ilha na esperança de encontrar uma reserva gigante de petróleo. Jack Prescott (Jeff Bridges) é um paleontólogo especializado em primatas que se infiltra no petroleiro para avisá-los sobre o perigo eminente devido aos rumores a respeito da existência de um macaco gigante na ilha. Identificado como clandestino, Prescott é preso e obrigado a trabalhar como fotógrafo da expedição. Em seguida, um bote salva-vidas é avistado em alto-mar. Dentro dele, encontram Dwan (Jessica Lange, fazendo sua estreia em filmes), provavelmente a única sobrevivente de um naufrágio ocorrido na noite anterior. O operador de rádio do navio chegou a captar um pedido de S.O.S., mas a transmissão estava ruim e não foi possível identificar seu emissor.
Primeiros momentos em Skull Island
Ao chegarem na ilha, notam a existência de uma muralha gigante e, ao investigarem, presenciam um ritual dos nativos. Essa parte é quase idêntica à da versão original: o ritual é interrompido, os nativos oferecem várias de suas mulheres em troca de Dwan, o pedido é recusado e, à noite, a loira é sequestrada pelos nativos dentro do barco e oferecida a Kong após ser dopada com uma bebida preparada pelos nativos. A diferença é que, ao contrário do original, não há nenhum conhecedor do idioma dos nativos entre os integrantes da expedição e a comunicação é feita exclusivamente através de gestos.
Dwan transformada em oferenda
Frustrado pela notícia de que a grande quantidade de petróleo da ilha não seria apropriado para a comercialização, Fred crê que o único jeito de obter algum lucro com a expedição é capturar Kong, levá-lo para Nova York e apresentá-lo às multidões.Um dos pontos bem explorados nesse filme é o transporte do gorilão pelo oceano. Com um tanque gigante disponível, foi possível mostrar essa sequência no filme, coisa que não ocorre nas outras duas versões. Ainda assim, como nos outros dois, não é mostrado como o bicho é retirado da ilha e levado até o navio. Em Nova York, a história é a de sempre: Kong se solta durante sua primeira apresentação e espalha o caos na cidade até ser abatido (dessa vez por helicópteros) no topo do World Trade Center (Empire State Building no original). Com relação aos outros animais que viviam na Ilha da Caveira na versão original, apenas uma cobra gigante aparece nessa versão. Não há dinossauros, insetos gigantes nem nada do tipo.
Dwan nas garras de Kong
Originalmente, o primeiro Kong foi filmado com a técnica de animação stop-motion, motivo pelo qual foi extremamente elogiado e é citado como referência até hoje, e com o uso de um busto e um braço gigantes. Para esta versão, decidiram retratar o gorila de formas diferentes: além do braço gigante, foram construídas duas pernas (para a parte do transporte do animal no petroleiro e para as cenas nas quais ele esmaga pessoas) mecanicamente acionadas e um modelo mecânico gigante de Kong, mas a mudança mais importante foi que, quando ele aparecia de corpo inteiro na tela, não se tratava de um boneco, miniatura ou algo do tipo, mas de um ator vestido com uma fantasia de macaco. Esse fator gera opiniões divididas até hoje e foi alvo de muitas críticas. Eu, particularmente, acho que a movimentação ficou muito boa, mas falarei mais sobre esse aspecto específico no próximo post. As diferentes expressões no rosto de Kong são excelentes, sem parecerem artificiais. O modelo mecânico gigante, construído por Carlo Rambaldi, tinha 12 metros de altura e apareceu pouquíssimo tempo na edição final do filme (apenas na cena na qual Kong está acorrentado e sendo apresentado ao público). Acho que essa foi uma decisão acertada, já que o modelo apresenta movimentação extremamente artificial.
O modelo de Carlo Rambaldi que quase não apareceu no filme
Quem elaborou e vestiu a roupa de Kong foi um dos maiores nomes da história do cinema no que diz respeito à maquiagem e efeitos especiais: Rick Baker. Só para citar alguns de seus trabalhos mais importantes, temos Lobisomem Americano em Londres (1981), O Exorcista (1973), Star Wars (1977), Grito de Horror (1981), Thriller (videoclipe de Michael Jackson, 1983), Homens de Preto (1997), Planeta dos Macacos (2001) e O Lobisomem (2010). A lista de trabalhos e prêmios é enorme. Para quem quiser, é só conferir na Wikipedia. (link)
O responsável pela 'voz' de Kong foi Peter Cullen, dublador americano que tem como destaques em sua carreira as vozes de Optimus Prime (na série animada e nos filmes da série Transformes) e Vingador (Caverna do Dragão), entre dezenas de outros trabalhos notáveis. Ainda com relação ao som, a trilha sonora é magnífica, assim como nos outros dois filmes. O compositor John Barry (criador das trilhas de Dança Com Lobos, Proposta Indecente, 14 filmes da série James Bond e vários outros) foi perfeito nas escolhas dos temas e variações, fazendo com que nuances tão distintas soassem perfeitamente adaptadas às cenas, como o tema de amor, a música leve que toca enquanto o petroleiro navega pelo Oceano Índico e temas mais tensos como os que aparecem nas cenas de perseguição na selva ou durante a destruição causada por Kong em Nova York.
O tema de amor do compositor John Barry
Exibido à exaustão na Sessão da Tarde durante as décadas de 80 e 90, essa versão é, com certeza, a mais difundida na televisão brasileira. O filme é muito contestado pela crítica, mas vejo muitos pontos positivos nela que não existem nas outras duas versões, incluindo a ousadia para mudar vários elementos da história, deixando evidente a preocupação em não simplesmente copiar o roteiro original. O filme é muito bem feito, tem atuações convincentes (destaque para Jeff Bridges), ótimo timing, trilha sonora acima da média e é muito divertido. Recomendado!!!
Nesse vídeo é possível ter uma noção da movimentação de Kong, ver alguns efeitos especiais
e conferir uma amostra da maravilhosa trilha sonora de John Barry
Esse filme possui uma sequência, lançada em 1986, chamada King Kong 2 no Brasil (título original: King Kong Lives). Também dirigido por John Guillermin, é um filme que foi feito para ser esquecido. Conseguiram ter a brilhante ideia de filmar o absurdo mais improvável: Kong passa por um transplante cardíaco (!), encontra uma fêmea (!!) e tem um herdeiro (!!!). Fuja desse filme!
O review do primeiro filme (de 1933) pode ser lido aqui.
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